Enquanto a chuva caía, Pedro desviava-se das gotas conforme podia. Os Audio Bullys dentro do seu i-pod, coordenavam o ritmo das suas passadas. Entrou nas finanças, disse bom dia aos presentes, num gesto corriqueiro, mas pouco genuíno da vida citadina. Encontrou resposta em dois indivíduos apenas, de entre aqueles que ali estavam nessa estranha manhã de Abril. Chovia, mas não estava frio. Limpou a cabeça, levando a mão aos seus poucos cabelos, salpicando levemente quem estava em seu redor. Nem reparou. Aliás, Pedro raramente se importava com o reflexo das suas atitudes. A espera não foi tão longa como é costume nestes sítios, ouviu um apito estridente para essas horas da manhã, verificou a senha. Sorriu. O número 69 era o que lhe calhara. Lembrou-se do Verão passado. Durante todo o tempo que lhe levou a resolver o assunto que o trouxera ali, a troca de olhares entre ele e a sedutora mulher que ali trabalhava, foi uma constante. Aí, fez algo que nunca tinha feito antes. Pedro era tímido, mas num impulso, entre o preenchimento de mais um papel, convidou Ana para beber um café ao fim da tarde com ele. Hoje, têm mais uma pequena pessoa nas suas vidas, e recordam a repartição de finanças como mais ninguém o fará.